A Lei dos Distritos Turísticos, aprovada recentemente no Estado de São Paulo, foi o tema da reunião do G30 desta quarta-feira. O secretário estadual de Turismo, Vinicius Lummertz; o diretor técnico da SETUR-SP, Gustavo Grisa; e o presidente da ADIT Brasil, Caio Calfat, uniram-se ao secretário de Turismo do Estado do Rio Grande do Sul, Ronaldo Santini, em uma conversa sobre como essa lei pode ser replicada em terras gaúchas. Tanto Lummertz quanto Grisa reforçaram que a Serra Gaúcha está pronta para se tornar um distrito turístico.
Por aqui, afirmaram, já temos uma gestão parecida com a que a lei determina, empresários dispostos a seguir investindo e a preocupação que o destino cresça de forma ordenada. “Com essa lei, estamos mudando o patamar político. Não aceitei que fosse um decreto, porque decreto é um ato de governo, lei é um ato de Estado. Para que um distrito turístico se desenvolva, precisamos de continuidade, não é possível que tudo mude a cada novo governo”, afirmou Lummertz.
Ele reforçou o potencial do turismo como um setor que garante empregos e crescimento de PIB e deu exemplos que incluíram a Serra. “Em Gramado e em Campos do Jordão, não falta emprego. Na verdade, faltam profissionais. Isso acontece por causa do turismo, que é um gerador de empregos. Somos uma economia em movimento, turismo tem relação com transporte que leva pessoas”, explicou. E fez questão de destacar que não se refere apenas a lazer, mas também a negócios, exemplificando que durante o horário do meio-dia, no Itaim Bibi, na capital paulista, de 100 pessoas, é comum que em torno de 40 sejam de fora. “A pessoa que chega a São Paulo para um feira pega transporte, fica em hotel, movimenta a economia”, completou.
Sobre o patamar em que o turismo brasileiro se encontra, destacou que o país não sofreu tanto na pandemia porque não é tão dependente do turismo internacional. E salientou que isso precisa mudar. “O agronegócio brasileiro é o que é porque exporta, porque está no mercado internacional. Precisamos que o turismo chegue a esse patamar”. A lei dos distritos turísticos é uma ação nesse sentido. São Paulo lançou o primeiro, Olímpia, em setembro. E deve lançar o segundo, Serra Azul, no final de novembro.
A tendência é lançar mais até o final do ano que vem, mas o diretor técnico da SETUR-SP, Gustavo Grisa, deixou muito claro que há diversos pré-requisitos e que não se trata um “título”. “Mais de 100 municípios já nos procuraram, mas distrito turístico não é para qualquer um. E, também, não é uma questão geográfica. Assim como várias cidades juntas podem compor um distrito turístico, duas quadras também podem. Levamos em conta vocação, segurança jurídica, governança e uma proposta bem feita. Distrito turístico não acontece no papel”. A apresentação de um conselho gestor e de um masterplan com que o precisa ser feito são etapas que acontecem no início e consideradas fundamentais. E, nesse ponto, ele citou a Serra Gaúcha. Segundo Grisa, o G30 já tem, informalmente, esse papel de gestor. E, por aqui, já existem destinos organizados. “Quem visita a Serra vai embora com muitas compras, isso ainda precisamos melhorar em São Paulo”, completou.
Caio Calfat, da ADIT Brasil, participou da elaboração da lei e deu um exemplo de um destino que também se desenvolveu como um distrito turístico sem que fosse oficializado dessa forma. “No início dos anos 2000, o norte da Bahia recebeu muitos empresários estrangeiros dispostos a empreender. E foram criados diversos resorts. Na época, havia investimento público em estradas, proximidade com o aeroporto de Salvador, que inclusive foi reformado, e todas as condições para atrair investidores”, relatou. Ele reforçou que para que um distrito turístico aconteça, os empreendedores precisam entender que o lugar tem potencial e infraestrutura, ou seja, público e privado precisam andar juntos. “Lá na Bahia, naquela época, houve continuidade nos projetos, mesmo trocando o governo. Concordo que isso é fundamental para o desenvolvimento do turismo”, acrescentou.
Disposto a aprofundar o assunto para replicar essa lei aqui no Estado, o Secretário de Turismo, Ronaldo Santini, reforçou que todos os municípios gaúchos têm algo a oferecer aos turistas. O que precisa ser feito é agrupar de forma a criar destinos fortes como a Serra. “A ideia do distrito turístico é sensacional e toca em um ponto importante para as nossas regiões que já estão desenvolvidas: o crescimento ordenado. Temos que evitar a explosão de movimento que diminui a qualidade do atendimento”, avaliou.
Fundador do G30 e articulador da reunião, Thomas Fontana adiantou que essa é somente uma primeira conversa e que o grupo está à disposição da Secretaria de Turismo para avançar.
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