Um dos principais destinos turísticos do Estado, Bento Gonçalves lançou nesta semana mais um roteiro. A Rota dos Capitéis - Caminhos da Imigração e Fé chega como mais uma iniciativa regional. A coordenação é da prefeitura de Bento, mas estão vinculadas ao projeto também as administrações de Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira, Santa Tereza e Garibaldi. "Pensamos num projeto para que Bento, como cidade indutora, integrasse com outras cidades próximas esse roteiro, pois todas têm inúmeros atrativos", diz o secretário de Turismo de Bento Gonçalves, Rodrigo Parisotto.
Erguidos por imigrantes italianos e seus descendentes nas estradas do interior da região, os pequenos templos religiosos embasam um roteiro que evocará, além da fé, a própria história dos habitantes que ajudaram a colonizar a Serra, a partir de fins do século 19.
Sua concepção está ancorada em três estudos que notabilizaram o costume desse povo em homenagear seus santos por meio da construção de templos. Dois deles são de autoria do jornalista Fabiano Mazzoti. O Livro do Capitel, com o mapeamento dos capitéis construídos no território da antiga Colônia Dona Isabel, hoje representada por Bento, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza, e Amém, Bento Gonçalves - Igrejas e capelas desta terra. O outro é "Perto das Estrelas", um trabalho do Circulo Trentino di Garibaldi que traça a existência dos pequenos santuários na antiga Colônia Conde D'Eu – hoje Garibaldi –, além de Carlos Barbosa e outros municípios.
É a junção de todos os templos mapeados nesses projetos de pesquisa, incluindo capitéis e pequenas igrejas, grutas e capelas, que formará o roteiro. No futuro, a ideia é abranger 10 cidades – além das citadas, Coronel Pilar, Imigrante, Boa Vista do Sul e Farroupilha –, envolvendo uma trilha que totalizará 806 quilômetros e passará por mais de 180 santuários. "Será um roteiro turístico de valorização ao patrimônio religioso local, a partir da identificação de que o capitel é um elemento peculiar de nosso território", observa Mazzotti.
Idealizado pelo Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), o projeto foi abraçado pela prefeitura. "O turismo sempre foi tratado como uma das bandeiras desta gestão, mas a pandemia nos forçou a sermos mais um agente de proteção à atividade do que de fomento. Agora, realmente conseguimos ser efetivos na nossa proposta, com um grande projeto para estimular a atividade, criando um novo roteiro turístico e potencializando outras ações como o enoturismo, o agriturismo e o turismo de aventura", explica o presidente do CIC-BG, Rogério Capoani.
Adriano Miolo, 2º vice-presidente de Serviços e um dos integrantes de um comitê do CIC-BG para debater o turismo, conta que o projeto nasceu como uma forma de aproveitar a riqueza paisagística do interior de Bento, bastante identificada com o enoturismo. Ao surgir o elemento identitário da imigração nas conversas, veio à tona a religiosidade, um dos aspectos mais fortes da cultura legada pelos imigrantes na região, ao lado do trabalho e da produção de uvas. "Quando percebemos que havia um trabalho de pesquisa na área, pensamos em juntar tudo isso num grande percurso, voltado a caminhantes, corredores, ciclistas e também para percorrer de carro. Nosso objetivo é que seja desenvolvido um turismo sustentável", afirma.
Com a apresentação do projeto, começa uma nova etapa de trabalho. Agora, se inicia a busca por parceiros que viabilizem a concretização da Rota dos Capitéis com diferentes ações, como sinalização nas vias e instalação de totem padronizado com informações dos templos.
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